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Tratamento do TDAH em Adultos: A Abordagem Cognitivo-Comportamental e a Possibilidade de Superação

  • Foto do escritor: JOi Vitou
    JOi Vitou
  • 31 de mai.
  • 5 min de leitura

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é tradicionalmente associado à infância, mas cada vez mais reconhecemos sua persistência na vida adulta. Estima-se que cerca de 60% das crianças diagnosticadas continuarão a apresentar sintomas significativos na idade adulta (Faraone et al., 2015). Para muitos, o diagnóstico tardio pode vir acompanhado de anos de sofrimento silencioso, marcado por frustrações acadêmicas, profissionais e relacionais.


A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) emerge como uma das abordagens mais eficazes para o tratamento de adultos com TDAH, especialmente quando os sintomas persistem apesar do uso de medicação (Safren et al., 2005). A TCC oferece ao paciente ferramentas práticas para gerenciar os desafios diários, ao mesmo tempo em que promove um espaço seguro para o autoconhecimento e a construção de uma nova narrativa sobre sua trajetória.


Ao contrário da crença comum, o tratamento do TDAH na vida adulta não se limita à farmacoterapia. Embora os medicamentos psicoestimulantes sejam considerados primeira linha para a redução dos sintomas nucleares, muitos adultos relatam dificuldades residuais, especialmente relacionadas à organização, procrastinação e regulação emocional (Barkley, 2015). Nesse contexto, a TCC atua como um complemento essencial.


Entre os principais focos da intervenção cognitivo-comportamental para o TDAH em adultos, destacam-se o treinamento em habilidades de organização e planejamento, a reestruturação cognitiva e o manejo da impulsividade (Safren et al., 2010). Essas técnicas visam não apenas a diminuição dos sintomas, mas também a promoção da autonomia e da qualidade de vida.


Um dos pilares da TCC no tratamento do TDAH adulto é o desenvolvimento de estratégias compensatórias. Por meio de agendas, listas e lembretes visuais, o paciente aprende a lidar com a desorganização e o esquecimento, que frequentemente afetam negativamente seu desempenho acadêmico e profissional (Ramsay & Rostain, 2015). Essas intervenções práticas são ajustadas à realidade e aos valores de cada indivíduo.


Outro aspecto fundamental é o trabalho sobre crenças disfuncionais internalizadas ao longo da vida. Muitos adultos com TDAH carregam uma história marcada por críticas, fracassos e rejeições, que resultam em sentimentos de inadequação e baixa autoestima (Young & Bramham, 2007). A TCC oferece ferramentas para identificar e modificar essas crenças, favorecendo uma visão mais realista e compassiva sobre si mesmo.


Além das dificuldades cognitivas, a desregulação emocional é uma queixa frequente entre adultos com TDAH. Explosões de raiva, frustrações intensas e sentimentos crônicos de insatisfação podem comprometer os relacionamentos e gerar sofrimento psicológico significativo (Shaw et al., 2014). A TCC incorpora técnicas de regulação emocional, como o treino em mindfulness e habilidades de tolerância ao estresse.


Um dos maiores benefícios da TCC é que ela não se limita a aliviar sintomas, mas promove uma mudança de estilo de vida. O paciente é encorajado a estabelecer metas concretas, criar rotinas estruturadas e cultivar hábitos saudáveis, favorecendo uma sensação de controle sobre a própria vida (Safren et al., 2005). Esse processo contribui para reduzir a procrastinação crônica e aumentar a produtividade.


Apesar dos desafios impostos pelo TDAH, a literatura clínica demonstra que adultos que participam de programas estruturados de TCC apresentam melhorias significativas na organização, no manejo do tempo e na regulação emocional, além de redução de sintomas depressivos e ansiosos frequentemente associados (Knouse & Safren, 2010).


O tratamento não é isento de dificuldades. Muitos pacientes inicialmente resistem a mudanças comportamentais, especialmente quando envolvem planejamento e rotina — áreas que tradicionalmente representam desafios. Por isso, a aliança terapêutica é um elemento central na TCC, oferecendo suporte e validação contínuos ao longo do processo terapêutico (Ramsay & Rostain, 2015).


A abordagem terapêutica também reconhece a importância de trabalhar com o ambiente do paciente. Intervenções que envolvem familiares, parceiros ou colegas podem facilitar o entendimento sobre o transtorno e reduzir a estigmatização, criando um contexto mais acolhedor para a implementação das mudanças propostas (Barkley, 2015).


Adicionalmente, a psicoeducação é uma etapa indispensável no tratamento. Ao compreenderem o funcionamento do TDAH, os pacientes conseguem diferenciar as manifestações do transtorno de traços de caráter ou falhas pessoais, reduzindo a autocrítica e promovendo maior aceitação (Knouse & Safren, 2010).


É fundamental ressaltar que a TCC para TDAH em adultos é uma abordagem baseada em evidências. Estudos controlados demonstraram sua eficácia na redução de sintomas e na melhoria da qualidade de vida, especialmente quando combinada com o tratamento farmacológico (Safren et al., 2005).


Para os profissionais de saúde mental, é essencial manter-se atualizado sobre as melhores práticas no manejo do TDAH adulto, bem como cultivar uma postura empática e livre de julgamentos. O sofrimento dessas pessoas é real, mas, felizmente, também há caminhos comprovados para sua superação.


Concluímos que o TDAH na vida adulta, embora possa representar desafios significativos, não é uma sentença de fracasso. Com intervenções adequadas, como a TCC, é possível transformar limitações em pontos de superação, resgatando o protagonismo e a qualidade de vida dos pacientes. O papel do psicólogo é, portanto, não apenas tratar, mas inspirar esperança e oferecer ferramentas para um futuro mais equilibrado e satisfatório.


Por isso, conte comigo na sua jornada. A superação do TDAH é possível, e você não precisa enfrentar esse caminho sozinho. Como psicóloga especializada em Terapia Cognitivo-Comportamental, estou aqui para apoiar, orientar e oferecer as ferramentas necessárias para que você viva com mais equilíbrio, autoconhecimento e qualidade de vida.


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Psicóloga Joice Vitorazzi.




Referências


American Psychiatric Association. (2013). Diagnostic and statistical manual of mental disorders (5th ed.). Arlington, VA: American Psychiatric Publishing.


Barkley, R. A. (2015). Attention-deficit hyperactivity disorder: A handbook for diagnosis and treatment (4th ed.). New York, NY: Guilford Press.


Faraone, S. V., Biederman, J., & Mick, E. (2015). The age-dependent decline of attention deficit hyperactivity disorder: A meta-analysis of follow-up studies. Psychological Medicine, 36(2), 159-165. https://doi.org/10.1017/S003329170500471X


Knouse, L. E., & Safren, S. A. (2010). Current status of cognitive behavioral therapy for adult attention‐deficit hyperactivity disorder. The Psychiatric Clinics of North America, 33(3), 497-509. https://doi.org/10.1016/j.psc.2010.04.001


Ramsay, J. R., & Rostain, A. L. (2015). The adult ADHD tool kit: Using CBT to facilitate coping inside and out. New York, NY: Routledge.


Safren, S. A., Sprich, S., Mimiaga, M. J., Surman, C., Knouse, L., Groves, M., & Otto, M. W. (2010). Cognitive behavioral therapy vs relaxation with educational support for medication‐treated adults with ADHD and persistent symptoms: A randomized controlled trial. JAMA, 304(8), 875-880. https://doi.org/10.1001/jama.2010.1192


Shaw, P., Stringaris, A., Nigg, J., & Leibenluft, E. (2014). Emotion dysregulation in attention deficit hyperactivity disorder. American Journal of Psychiatry, 171(3), 276-293. https://doi.org/10.1176/appi.ajp.2013.13070966


Young, S., & Bramham, J. (2007). ADHD in adults: A psychological guide to practice. Chichester, UK: Wiley.


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